Relatos selvagens (do nosso cotidiano)
Um feliz 2015 para todos! Começamos este ano apresentando os filmes que estão na disputa da indicação do Oscar de melhor filme de 2015!!!
A abertura do filme já garante que o trabalho é original e criativo.
Junto com os créditos dos atores fotos comparam os artistas/personagens a
criaturas do reino animal. E a
partir daí as mais de duas horas do filme argentino (em parceria com a Espanha-
El Deseo, a produtora de Pedro Almodóvar assina o conjunto da obra) passam num
piscar de olhos.
Escrito e dirigido pelo jovem diretor Damián Szifron (que produz muitos seriados e também filmes
que mesclam humor e crítica) “Relatos Selvagens” (Relatos Salvajes, 2014) reúne
um elenco impecável, incluindo o genial Ricardo Darin, histórias fantásticas e
finais surpreendentes. Em todas o ponto em comum é o momento em que nós, seres
humanos racionais, deixamos de usar esta condição e passamos a agir com os
nossos instintos mais bárbaros e primitivos: sem pensar agindo com violência na
busca pela vingança.
O longa bateu recorde no país dos hermanos: as salas de cinema
contabilizam mais de três milhões de expectadores. Em Cannes deste ano, o
primeiro festival em que foi exibido, foi aplaudido acompanhado de muitas
risadas. E é exatamente o que dá vontade de fazer quando a gente termina de assistir.
Roteiro impecável, capaz de transformar o que existe de mais feio da sociedade
em uma situação cômica. A trilha sonora também conta muitos pontos: Gustavo
Santaolalla é o responsável -ele também fez as composições de Amores Brutos, Babel e Diários de motocicleta-
e consegue agradar a todos os gostos e combinar com a proposta da película
desde o início.
Já está na pré-lista que disputa um lugar entre os indicados ao Oscar de
filme estrangeiro este ano, junto com o bonitinho “Hoje eu quero voltar
sozinho”- de Daniel Ribeiro- representando o Brasil, e tem todas as chances de
levar mais uma estatueta para a casa. A última premiação não faz muito tempo,
foi em 2010 com o brilhante “O segredo dos seus olhos”, de José Campanella.
Em algum ponto das situações o espelho do cotidiano é colocado bem na
nossa frente: as injustiças, a raiva, o sentimento de impotência, a vontade de
mudar o sistema errado, a
inquietude de mostrar que algo não pode simplesmente ficar como está, até o
momento da explosão libertadora.
Cenas que se olham mais de perto, escapa uma sonora risada, ou se fecha os olhos com espanto. Mas em
todas pensamos: Eu também faço isso. Fiquem calmos, todos nós temos um pouco do
instinto selvagem. E é nele que nascem os piores e as melhores atitudes.
Almodóvar, que fez a produção executiva do filme já tinha declarado em
Cannes que Relatos não precisava de prêmio para ser um sucesso. Mas com certeza
merece. Um roteiro que Hollywood vai amar, mas que também agrada apreciadores
de filmes críticos, densos e que deixam a gente inquieto horas depois de ter saído
do cinema. Inteligência, criatividade, surpresa e identificação do público:
elementos que o cinema Argentino nos proporciona.
Sensacional, não dá para
perder!
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