O marginal está de volta. E com febre de poesia

Se você é conservador nem perca tempo lendo este texto. O filme que vou comentar tem palavrões, sexo, nudez e drogas. Mas se quer um bom cinema marginal, com atores impecáveis, texto poeticamente corajoso e uma direção de cair o queixo, assista logo!
Com o fantástico ator Irandhir Santos protagonizando e roteirizado por Hilton Lacerda ( A dupla de "Tatuagem", 2013) o longa brasileiríssimo de Cláudio Assis, do nordeste ( com muito orgulho!), dá um show em todos os quesitos da sétima arte.
No papel principal o poeta anarquista que produz o manifesto "A febre do rato"  ( expressão usada em Recife para caracterizar quem está fora de controle). Zizo vive à flor da pele as tristezas, felicidades e tudo que está errado para quem representa a minoria ( que ironicamente é a maioria) e tenta abrir os olhos para os que "perderam a capacidade de espernear para as coisas mudarem".  Atuações vibrantes, intensas e perfeitas. Um trabalho que consegue transformar uma cenário de miséria total em preto e branco em uma linda paisagem poética e ousada, como é todo o resto da produção.
Com muitas cenas de nudez e sexo o objetivo é exatamente mostrar que nossa sociedade é hipócrita e trata temas que realmente deveriam ser importantes de forma banal, tentando desviar o foco com falsa moral e bons costumes culpando os instintos naturais do ser humano.
Mais uma vez o centro cultural do país enriquece nosso cinema nacional. E tome poesia, cabra da peste! Pobre de quem não for contaminado!



Ficha técnica:

Título original: Febre do rato, 2011
País: Brasil
Gênero: Drama
Duração: 110 min
Direção: Cláudio Assis
Roteiro: Hilton Lacerda
Elenco: Ângela Leal, Conceição Camarotti, Hugo Gila, Irandhir Santos, Juliano Cazarré, Maria Gladys, Mariana Nunes, Matheus Nachtergaele, Nanda Costa, Tânia Granussi, Victor Araújo Produção: Cláudio Assis, Julia Moraes
Fotografia: Walter Carvalho

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Trailer aqui