segunda-feira, 3 de agosto de 2009

O azul, o branco e o vermelho:Liberté, Egalité, Fraternité.

Na primeira história, ''a liberdade é azul'' (trois couleurs: bleu), Juliette Binoche interpreta a protagonista, Julie, que perde o marido, um famoso compositor, e sua filha em um acidente de carro. Ao longo de toda a dramática trama ela obriga-se a incorporar essa drástica mudança em sua vida. A película, vencedora do Leão de ouro em Veneza de melhor diretor e atriz, conta a história triste do momento doloroso, em que verdadeiramente conhecemos uma condição de ser livre, sem que para isso não haja o rompimento de vínculos, criados por acasos, no decorrer da vida. Como diz a frase que descreve o filme:''O homem sempre viveu o mito do amor. Para muitos, amar significa renunciar a liberdade''. Kieslowiski relata neste filme como a idéia de liberdade pode ser tão abstrata.


Mesmo achando este filme triste, continuem assitindo, o segundo pode ser considerado um filme mais leve, até sarcástico: ''a igualdade é branca'', ganhador do prêmio de melhor diretor do festival de Berlim, conta a história do polonês Karol (Zbigniew Zamachowski), largado pela francesa Dominique (Julie Delpy). O filme retrata questões políticas, debatendo divergências raciais e sociais. Até mesmo o sofrimento é colocado como algo que pode ser compartilhado igualmente, e com certeza, no momento da dor, as pessoas são parecidas: ''Enquanto houver a incompreensão, homens e mulheres viverão a desigualdade''.

Para finalizar com chave de ouro a obra francesa, último (e preferido) ''a fraternidade é vermelha'', indicado ao Oscar de direção, fotografia e roteiro, a obra finaliza (e inicia) a questão trazida durante todos os filmes da trilogia. Com a participação de Irène Jacob, interpretando a jovem modelo Valentine e Jean-Louis Trintignant, mundos diferentes são retratados no filme, unidos pelo destino, mais uma vez, como é de costume do diretor. Nessa película os princípios e valores de cada um são questionados e testados.

Os ideiais colocados por Kieslowski aparecem de um forma muito banal, cotidiana. Nos pequenos detalhes e acontecimentos aparecem as idéias centrais dos filmes. A questão da ambiguidade, seja pelos objetos encontrados nas cenas, quanto as memórias boas e ruins, a eles remetidas. É, mais uma vez a casualidade que fecha com chave de ouro a trilogia, que trata, antes de tudo, a possibilidade de sobrevivência da esperança.

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