sexta-feira, 24 de abril de 2009

''Mulholland Drive: A love story in the city of dreams''

Um dos meus filmes favoritos da vida, e olha que perdi a conta de quantos já assisti. É até uma heresia escrever sobre ele, porque não há tantas palavras assim para representar todo o simbolismo e enigma dessa película.
O único problema , pelo menos no Brasil, é o desastre que os tradutores fazem com os títulos dos filmes, simplesmente acabam com todo o significado e tema proposto pelos produtores. Depois de protestar, ao que importa: ''Cidade dos sonhos'', primeiro e melhor fator de todos: roteirizado, dirigido e musicalizado por David Lynch, sempre em parceria com Angelo Badalamenti.
A mente criativa do cineasta americano é simplesmente intrigante, mas a escolha do elenco e a maneira como ele compõe as trilhas de seus filmes é inconfundiável. A idéia inicial era um projeto de minissérie para rede ABC, tudo após o tão famoso Twin Peaks, sucesso de audiência nos anos 90 (''Quem matou Laura Palmer?''). Mas o projeto foi vetado e transformado em filme, com apoio do Canal plus, da França.
Na trama, tudo começa com um acidente de carro na conhecida Mulholland Drive, avenida de Los Angeles onde estão as principais mansões dos famosos do cinema. A fantástica Naomi Watts está simplesmente brilhante em sua interpretação de Betty Elms, uma aspirante a atriz, Laura Harring na pele da atriz Rita, e Justin Theroux no papel de Adam Kasher, um diretor de Hollywood.
No enredo tudo mistura-se: o que poderia ser, o que deveria ser e o que realmente é. A imaginação dos personagens e de quem assiste parece compartilhar as mesmas sensações.
Odiei o filme quando vi a primeira vez. Achei confuso, louco e sem qualquer relação. Mas olhando novamente fiquei completamente fascinada, e o mais incrível é que o quanto mais o longa é assistido, mais nos fascina, porque ele deixa a interpretação e descobertas a cargo do espectador. É como um jogo, com pistas em cada cena, detalhe, falas. Bem ao estilo Lynchiano: as conclusões da trama cabem à quem assiste, e não ao produtor, ele deixa o entendimento a livre critério de críticas.
A película ganhou uma estatueta de melhor direção em Cannes, em 2001, quando abriu o festival e recebeu (mas não ganhou) a mesma indicação ao Oscar, o que era realmente de espantar, se acontecesse. Além de contar uma linda história de amor, com devaneios, criaturas esquisitas e sustos, Lynch faz uma dura crítica ao tão aclamado mundo de Hollywood, com quem sempre manteve uma relação de amor e ódio. De alguma maneira o cineasta tenta recriar as grandes produções mas atribui á elas outro final, um toque de suspense mistério, drama, que mexe com a criatividade de quem assiste e permite recriar a sua própria realidade. eEssa é a especialidade do genial Lynch.

Ficha Técnica
Título Original: Mulholland Drive
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 145 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 2001
Roteiro: David Lynch
Produção: Neal Edelstein, Joyce Eliason, Tony Krantz, Michael Polaire, Alain Sarde e Mary Sweeney
Música: Angelo Badalamenti
Fotografia: Peter Deming
Desenho de Produção: Jack Fisk
Direção de Arte: Peter Jamison
Figurino: Amy Stofsky
Edição: Mary Sweeney
Elenco
Justin Theroux (Adam Kesher)
Naomi Watts (Betty Elms)
Laura Harring (Rita)
Ann Miller (Coco Lenoix)
Dan Hedaya (Vincenzo Castigliane)
Mark Pellegrino (Joe)
Brian Beacock (Cantor)
Robert Forster (Detetive Harry McKnight)
Michael J. Anderson (Sr. Roque)
Angelo Badalamenti (Luigi Castigliane)
Scott Coffey (Wilkins)
Billy Ray Cyrus (Gene)
Chad Everett (Jimmy Katz)
Kate Forster (Martha Johnson)
Melissa George (Cammie Rhodes)

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