Até que enfim um filme com a cara do Brasil: futebol, cerveja, pobreza, fé e sexo. Não necessariamente nessa ordem...Dirigido pelo conhecido Walter Salles, com a ajuda de Daniela Thomas, que assina o roteiro com George Moura, o longa brasileiro vai além do já mostrado em muitos filmes. Com simplicidade.
Como é de praxe, o elenco de Salles é de deixar qualquer filme americano ''all stars'' , no chinelo (sem trocadilhos). A qualidade do elenco é tamanha que não pode-se apontar quem melhor faz o papel de representar. A ganhadora do prêmio de melhor atriz (competindo com ninguém menos que Angelina Jolie e Catherine Deneuve), no Festival de Cannes, Sandra Corveloni, não deixou por menos: consegue ao mesmo tempo indignar e causar admiração com sua personagem, uma lutadora mãe de família, que apesar de suas muitas fraquezas, é mãe de fato. Seus quatro filhos, são interpretados brilhantemente pelos atores João Baldasserini, Vinícius de Oliveira, José Geraldo Rodrigues e Kaique de Jesus Santos, que merece destaque, por ser tão espontâneo e cativante.
Walter Salles mantém seu estilo de direção já conhecido, mostrando pequenos detalhes, contrastando muitos pontos indiretamente. A trilha sonora de Gustavo Santaolalla, casa com a maneira que o brasileiro costuma utilizar na essência de seus filmes: uma mistura de alegria e tristeza, como pode ser definido seu trabalho.
A película não tem nada espetacular ou chocante. Orçado em apenas R$ 4 milhões (valor modesto para a produção de um longa), não há efeitos especiais ou inovações cinematógraficas. É um roteiro simples, sem grandes revelações ou peripércias. Ao mesmo tempo que consegue ser dramático, é leve e real, mostrando os verdadeiros problemas de grande parte do povo brasileiro.
Contrariando o que muita gente acha dos filmes do diretor, não compartilho a opinião que ele mostra somente a pobreza tupiniquim, através de seus trabalhos. Ele mostra a realidade. O Brasil é pobre, a população sofre para conseguir qualquer coisa, mas apesar de tudo as pessoas conseguem achar uma maneira de ser felizes e de demostrar amor ao próximo, mesmo que não seja da maneira mais habitual, ou ''certa'' para algumas pessoas.O fato é que não há certo ou errado ou verdade absoluta, cada um constrói sua realidade e maneira de enxergar as coisas, de acordo com seu modo de vida.
O que me agradou muito na produção nacional foi o título. Um fator muito simples (outro), mas que consegue englobar todo o filme. As palavras conseguem explicar a vida dos os envolvidos na trama. Caracteriza as maneiras de viver de cada um e estabelece uma ligação com a cronologia da história.
Na verdade, enquanto mostra-se bem crítico em relação ao modo brasileiro de ser e dos sonhos de seu povo; como a única esperança de um futuro melhor estar depositada em uma bola de futebol, ou o conforto em um copo de cerveja; mostra também que o o povo consegue, apesar de tudo ser feliz. Sim, clichê. Porém um clichê que consegue ser criativo. Criativo e simples.
Ficha Técnica
Título Original: Linha de Passe
Tempo de Duração: 108 minutos
Ano de Lançamento (Brasil): 2008
Distribuição: Videofilmes
Direção: Walter Salles e Daniela Thomas
Roteiro: George Moura e Daniela Thomas, com colaboração de Bráulio Mantovani
Produção: Maurício Andrade Ramos e Rebecca Yeldham
Música: Gustavo Santaolalla
Fotografia: Mauro Pinheiro Jr.
Direção de Arte: Valdy Lopes
Figurino: Cássio Brasil Edição: Gustavo Giani e Lívia Serpa
Elenco
João Baldasserini (Dênis)
Vinícius de Oliveira (Dario)
José Geraldo Rodrigues (Dinho)
Kaique de Jesus Santos (Reginaldo)
Sandra Corveloni (Cleuza)
Ana Carolina Dias
Site Oficial:
http://www.paramountpictures.com.br/linhadepasse/
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